sábado, 14 de julho de 2012

Lembranças





Eu ainda me lembro do seu sorriso fraco aquele dia. Você me parecia triste, tinha o semblante caído e por mais que eu não te conhecesse eu queria, muito, te ajudar. Você andava vagarosamente, e seria fácil pra mim te acompanhar. Eu dei dois passos em sua direção, mas parei. Não nos conhecíamos, porque você se abriria pra mim? Eu observei você partir sem poder dize nada, sem poder fazer nada. Sua cabeça nunca virou na minha direção e seus olhos não observaram o sofrimento que tive ao te ver triste. Nunca havíamos nos visto, mas é como se nos conhecêssemos por toda a vida. Vi quando você virou a esquina, chutando uma pedra pequena que havia em seu caminho. Fui atrás. Quando consegui te ver novamente, você estava sentado em um banco na pracinha perto de algumas crianças, as quais você observava com adoração. Eu sorri e cessei o ritmo da corrida, desacelerando para passos pequenos e vagarosos. Respirei fundo algumas vezes antes de me sentar ao seu nado. Você não me viu chegando. Ficamos algum tempo parados ali, sem dizer nada, eu olhava para o chão e pensava nas hipóteses que o levaram ficar assim. Você, por usa vez, encarava o chão, com os cotovelos apoiados no joelho e as mãos por entre seus cabelos castanhos. Olhei na direção que você encarava, e vi, na areia fina, um circulo perfeito formado no chão. Você chorava. Perguntei o que estava acontecendo. Foi a primeira vez que você realmente notou minha presença. Nossos se encontraram e eu pude perceber o quão escuro eles eram, como duas jabuticabas maduras e grandes. Você não me respondeu, apenas limpou os olhos com as costas das mãos e sorriu fracamente novamente. A idéia de que a razão daquele sorriso era eu me trouxe uma alegria tão grande que eu sorri. E... foi aí que me toquei... começava ali mais uma história que até hoje não tem fim. -- Por Gaby Ferreira

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